Gigante antes do Gigante
- Romero Marconi
- 14 de jun.
- 3 min de leitura
A relação Cruzeiro e Mineirão é uma das maiores relações de clube com um estádio, já vista no futebol, foram vários recordes, vários feitos históricos e várias conquistas. Mas antes de existir o gigante da pampulha, o time estrelado ja escrevia suas páginas heróicas e imortais.

Alguns fatos fazem do Cruzeiro um dos poucos clubes que já nasceram grandes.
O Palestra foi o segundo clube da capital a possuir estádio próprio, ainda em 1923, com apenas dois anos de existência.
Mesmo estreando apenas na 7ª edição do Campeonato Mineiro — devido à sua fundação em 1921 — o Palestra tornou-se o segundo clube a conquistar o campeonato três vezes consecutivas, nos anos de 1928, 1929 e 1930.
O clube também detém a marca de maior ataque da história do Campeonato Mineiro, feito alcançado em 1928, quando tinha apenas sete anos de existência.
Outro marco relevante foi a transferência dos jogadores Ninão e Nininho (Giovanni Fantoni e Otávio Fantoni) para a Europa, tornando o Palestra o primeiro clube brasileiro a realizar tal façanha. Em 1931, levou seu nome ao Velho Continente, abrindo portas para que outros clubes brasileiros também realizassem transferências internacionais, projetando o futebol nacional mundo afora.
Até então, o clássico mais tradicional de Minas era entre Atlético e América. No entanto, em 1934, o confronto entre Palestra e Atlético foi o primeiro a receber oficialmente a alcunha de "Clássico", conforme registro da Folha de Minas, na edição de 27 de novembro de 1934. Curiosamente, o termo “Clássico” só seria utilizado para Atlético x América dois anos depois, pelo Estado de Minas, na edição de 23 de agosto de 1936.
Naquele mesmo ano de 1934, o jornal Folha de Minas publicou dados de média de público e renda, apontando o Palestra como a segunda maior bilheteria do campeonato. O jogo de maior arrecadação foi justamente o confronto entre Palestra e Atlético, mesmo com o Palestra ocupando as últimas posições na tabela e não vencendo o campeonato desde 1930.

Em 1936, Niginho foi convocado para a Seleção Brasileira, tornando-se o primeiro jogador a integrar a seleção vindo diretamente de um clube mineiro, o Palestra. Niginho, inclusive, marcou o gol da vitória do Brasil sobre o Peru, fazendo do Cruzeiro o primeiro clube mineiro a ter um jogador marcando gol pela Seleção Brasileira.
Em 1945, o Cruzeiro reformou e reinaugurou seu estádio, que passou a ser o maior de Minas Gerais até então, com capacidade para 25 mil espectadores. O estádio recebeu o nome de JK, em homenagem a Juscelino Kubitschek, torcedor ilustre do clube, que anos mais tarde se tornaria presidente da República.
Entre os poucos registros de público e renda da chamada “Era Pré-Mineirão”, o Cruzeiro destacou-se, em 1945, como o clube de maior média de público e arrecadação. Naquele ano, em que se sagrou campeão, o clube arrecadou Cr$ 260.000,00 — quase metade da renda total do campeonato, que foi de aproximadamente Cr$ 600.000,00.
Com base nos registros disponíveis, o Cruzeiro esteve consistentemente entre o primeiro e o segundo lugares no ranking de rendas do futebol mineiro.
A convocação de Juvenal para a Seleção Brasileira, em 1945, consolidou o Cruzeiro como o clube mineiro com o maior número de jogadores convocados para a seleção até aquele momento.
Em 1941, Niginho foi novamente convocado, mas, por estar lesionado, não pôde participar. Na mesma ocasião, Nogueirinha também foi chamado, mas o jogo da seleção acabou não sendo realizado.
Em 1960, o clássico Cruzeiro x Atlético foi realizado em Brasília, a nova capital do país. Na ocasião, o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, recebeu as faixas dos campeões mineiros.
É fato que o Cruzeiro não foi o maior campeão estadual no período que antecedeu a construção do Mineirão, mas acumulou feitos grandiosos e conquistas relevantes, mesmo sendo um clube que não realizava grandes contratações e priorizava, majoritariamente, atletas formados em sua base ou provenientes de clubes menores.
Foram, ao todo, 13 títulos mineiros — incluindo o título de 1965, que teve início antes da inauguração do Mineirão, com alguns jogos ainda disputados no estádio Independência.
Além disso, o clube protagonizou vitórias expressivas sobre grandes equipes nacionais e internacionais, como América do Rio, Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense, Palmeiras, Grêmio e Rosário Central, da Argentina Jogos Antes da Construção do Mineirão: (Setembro de 1965) x Flamengo 4 Vitórias Cruzeiro 3 Vitórias Flamengo 1 Empate x Botafogo 3 Vitorias Cruzeiro 2 Vitórias Botafogo 2 Empates x Vasco 10 Vitórias Vasco 4 Vitórias Cruzeiro 2 Empates x Fluminense 6 Vitórias Fluminense 2 Vitórias Cruzeiro 3 Empates
x Grêmio 1 Vitoria Cruzeiro x Inter 1 Vitória Inter 1 Empate x Santos 4 Vitórias Santos x Palmeiras 3 Vitórias Palmeiras 1 Vitória Cruzeiro x Corinthians 3 Vitórias Corinthians x São Paulo 2 Vitórias São Paulo
x Sport 2 Empates
x Vitória
2 Vitórias Cruzeiro
1 Vitória Vitoria
1 Empate
x Bahia
3 vitórias Bahia
2 empates
* Todos os Jogos foram disputados na Bahia
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